NA                   MEDIDA    
                    EM
QUE
        CAMINHO








 
edições de artista    

CONCEPÇÃO E EDIÇÃO Haroldo Saboia e Júlio Martins
PRODUÇÃO EXECUTIVA Clara Bastos e Natasha Silva
CAPA E PROJETO GRÁFICO  Djavan Amorim & Renan Costalima
TEXTOS Haroldo Saboia, Júlio Martins e Moacir dos Anjos
REVISÃO Humberto Torres
REALIZAÇÃO Praia à Noite
FOTOGRAFIA DE OBRAS Luiz Alves, Mayra Azzi, Jorge Silvestre



O livro possui tamanho de 20,5 x 17cm e contém 216 páginas



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                  Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

           

S117      Saboia, Haroldo (1985-)
                   Na medida em que caminho / [textos de: Haroldo Saboia, Júlio Martins
                   e Moacir dos Anjos]. - Fortaleza : nunc edições de artista, 2021.
                   il. 216 p.

                   ISBN :  978-65-00-32674-1
                   1.Artes plásticas. 2. Arte brasileira. 3. Artistas brasileiros
                   contemporâneos. I. Título.                                                                                                 

                                                                           CDD  709.2
                                                                           CDU  7.036(81)                             

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Trecho do ensaio Notas sobre os efeitos dos afetos presente na publicação do pesquisador e curador Moacir dos Anjos

"Deslocamentos entre espaços são também trajetórias feitas no tempo. Esse movimento duplo não escapa aos esforços de Haroldo Saboia de traduzir afetos em algo a ser partilhado com mais gente. A contagem das distâncias é também contagem de uma duração. A marcação do longe e do perto vem junto da marcação do demorado e do breve, mesmo quando não são experiências coincidentes, posto que a afetação de um corpo sobre outro corpo não tem métrica única ou certa. E se o tempo é coisa abstrata, o artista busca dar a ele, em seus trabalhos, a concretude do que é ordinário. Em algumas fotografias, vê-se a areia que escoa, em ritmo incerto, de uma mão quase fechada. Mão que é ampulheta desregulada que desmancha convenções assentadas sobre aquilo que dura e sobre aquilo que é rápido. Mão – de qualquer um – que constrói, nesse tempo tornado concreto, o que se chama de história; que inventa, com trabalho, doçura e violência, o que se conhece como mundo.  "


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"Os registros dos afetos que Haroldo Saboia inventa como trabalhos e oferece a pessoas quaisquer são espécies de ruínas sensíveis da memória que o corpo possui dos lugares por onde passa. Memória de algo visto, de uma textura sentida na pele do rosto, de um gosto doce, de um ruído quase mudo. De muita coisa embaralhada. Registros que, quando articulados, formam um léxico que descreve o mundo de jeito novo e que desafia, portanto, entendimentos assentados e seguros. Coisas são verbos. Verbos são coisas, instrui um dos trabalhos. Léxico que ensina pelo avesso, pela deseducação de muito do que se pensava já saber. É uma aposta, é um risco, é o que a arte pode melhor fazer. "






Para encontrar lugares sem nome, notas a Haroldo Saboia
Trecho do texto do pesquisador e curador Júlio Martins 

A experiência de viajar é assumida pelo artista cearense Haroldo Saboia como uma provocação que impõe a si mesmo, por exigir uma reconfiguração de suas expectativas e quaisquer ideias pré-concebidas, por contextualizar seus gestos num ambiente disruptivo, de descoberta e revelação, por exigir que se engaje intensamente na experiência essencial da linguagem, a de nomear, e nomear a própria desterritorialização e seus efeitos vem constituindo um dos vetores mais potentes de sua prática artística. Uma das epígrafes do "Flâneur" de Walter Benjamin, recuperada por Enrique Vila-Matas em sua "História abreviada da literatura portátil", indica um escrito de um louco em seu caderno de notas, recolhido em 1907 por Marcel Réja no livro "Arte dos loucos", em que lê-se, em primeira pessoa: "Eu viajo para conhecer a minha geografia".   


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duas opções para adquirir o livro:

a primeira é composta pelo livro por 
R$70 reais + Frete no total de R$85,00 reais;  

a segunda opção é composta pelo Livro + Poster + Frete (R$15 reais) no total de
R$ 180 reais;

Livro Na medida em que caminho - tamanho 20,5 x 17 cm
Pôster Amor - tamanho A1: 94 x 64 cm

Ao realizar o pagamento, favor enviar mensagem com comprovante para o email haroldof@gmail.com


o pagamento é feito via chave PIX: 11960810242


Pôster que acompanha o livro que pertence a série “coisas são verbos, verbos são coisas” no qual listo uma série de verbos que desdobram, abrem e gestualizam o substantivo do Amor.

imagem ilustrativa abaixo:





Janeiro de 2023

Tudo é travessia, tudo é caminho, tudo é mistério


O que de algum modo une todas as estradas, a linguagem e o desejo é que estes conduzem necessariamente ao seu próprio movimento. Na medida em caminho é uma proposição de estar em movimento, em percurso, em subjetivação, pois afinal, não há começo, não há fim, apenas ritmo e transformação.


Na medida em que caminho é meu primeiro livro que reúne um compilado de trabalhos dos últimos anos. É uma publicação experimental, uma espécie de diário, uma pergunta e também uma afirmativa. A sua estrutura, embora contenha muito mais, está montada a partir de uma pesquisa que iniciei em 2015 intitulada de  Notas: ensaio-fragmento na qual propunha um percurso de duração imprevisível por seis cidades-palavras no estado do Ceará, são elas: Solidão, Deserto, Ventura, Miragem, Passagem, Prazeres. Portanto, um processo longo de quase seis anos e ainda inacabado, pois nem todo percurso foi terminado, e que nem sei se necessariamente será tão cedo. O livro contém alguns textos meus e dois ensaios dos curadores e pesquisadores convidados Júlio Martins e Moacir dos Anjos. Contém ainda pesquisas tão antigas quanto recentes como partes das séries Bestiário, História dos Nossos Gestos, Oráculo Popular dentre outras.


A publicação é um mosaico de fragmentos: filmes, ensaios fotográficos, registros de performance, esculturas, notações, ensaios e algumas coisas inclassificáveis, que articulam dispositivos, métodos e conceitos como narrativa, registro, memória, fragmento, escrita e leitura para pensar alguns processos e temas caros a minha pesquisa como o encontro com uma ideia de Brasil e com a linguagem a partir de suas condições sempre abismáticas e circulares.  Assim, trago imagens de trilhas, de caminhos e percursos para elaborar processos históricos, subjetivos e afetivos que também podem movimentar processos de cura, de reparação e tomada subjetiva. A experiência do deslocar, do caminhar como uma experiência de linguagem que porta um afeto, uma escuta do mundo, um vocabulário contíguo à pele da vida: rastros, memórias, marcas, vestígios, testemunhos, assinalações.


A partir deste dispositivo do caminhar, Na medida em que caminho elabora como este
gesto-linguagem cria relação, toque, memória e, por sua vez, afetos: essa matéria que se contamina em outra, que transforma-se em outro(a). Nestes processos de deslocamento, que em resumo são espaços de imaginação, penso que há uma questão fundamental neste processo: o que acontece no encontro entre dois corpos? Neste caso, entre corpos que caminham? O que gira, o que abre, o que faz e se refaz na relação que se estabelece entre duas matérias distintas? E o que acontece na medida em que caminho na direção do que não conheço?  Encontros que geram deslocamentos físicos e subjetivos, portanto, a arte como um campo de afeto, de invenção de mundos e também um espaço de deseducação.

Pouco me interessa reduzir as noções de estética aos objetos, porém à composição com eles, a relação.  Os afetos inscritos e escritos no corpo e por ele; talvez o que chamamos de ato artístico ou, ainda melhor, ato de amor, como diria Bell Hooks, "amor é o amor que faz" ou como cantou Jorge Ben, "Então, tem que dançar, dançando". A linguagem como gesto no mundo: o gesto como modo de rearranjo deste mundo e também de quem o faz. O que nada mais é que o exercício do amor; do caminho sem fim (ou fins). Após este caminhar que não se encerra com estes destinos, hoje, talvez compreendo que um compromisso na linguagem seja também um compromisso espiritual, pois citando novamente Bell Hooks “O compromisso com a vida espiritual significa que abraçam o princípio eterno de que o amor é tudo, todas as coisas, nosso verdadeiro destino.” Como estar a serviço, uma espécie de compromisso orácular: ser meio, modo, mensagem. É corpo, espírito, movimento.


Haroldo Saboia




AGRADECIMENTOS

Ana Cláudia Holanda, Porto Iracema das Artes, Bitú Cassundé, Ricardo Basbaum, Priscila Arantes, Ana Maria Maia, Jucelino Pereira, Simone Passos, Leo Mackelene, Clara Bastos, Natasha Silva, Wanessa Malta, Natália Magalhães, Alysson Amaral, Mayra Azzi, Carol Soares, Carolina Vieira, Guilherme Falcão, Frederico Teixeira, Yuri Firmeza, Danilo Carvalho, Patrícia Araújo, Humberto Torres, Fernanda Porto, Galciani Neves, Raphael Fonseca, Mayana Redin, Fabiana Moraes, Tarcísio Almeida, Dulce Tomé, Samuel Tomé, Flora Paim, Ana Cláudia Araújo, Cecília Bedê, Vivi Rocha Jones, Thais de Campos, Themis Memória, Mariana Smith, Érica Zingano, Renan Costalima, Djavan Amorin, Alexandre Veras, Suely Rolnik, Marilia Loureiro, Diego Matos, Josyara, Rogério Martins, Guilherme Valério, Isadora Brant, Simone Barreto, Haroldo Bezerra, Maria Tereza Ribeiro, Iraci Marques, Raphael Villar, Josymar, Nemésio Costa,  Marcelo Deusdete e Fiúza, Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, Tio Pimenta, Pousada Horizonte Azul, Fundação Joaquim Nabuco, Maduca, Moacir dos Anjos, Diego Matos, Eric Barbosa, Dona Rita, Zé Raimundo, Dona Celeste, Irene, Dedé, Ribamar, Graça e Mateus, Juliano e Vanessa, João Bena, Rodrigo da Carroça, Darlan e Elineuda, Seu Otávio, Gelson Geraldo, Valciene, Maria do Carmo, José Luís, Arlinda e Daniel Sabino.